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segunda-feira, 10 de agosto de 2015

O PAÍS DAS ÁGUAS. O Brasil dispõe de fartura de água doce, mas o consumo inconsequente e a falta de infraestrutura ameaçam jogar pelo ralo esse presente da natureza .

Anavilhanas, no Rio Negro, na Amazônia

Bacia do Rio Amazonas (a maior bacia hidrográfica do mundo, com quase 7 milhões de Km²).
Em 2009, uma equipe multinacional formada por cientistas da Petrobras, pesquisadores ingleses e holandeses da Universidade de Amsterdã perfurou um poço com 4,5 mil metros de profundidade na foz do rio Amazonas. Eles não estavam à procura de petróleo, mas capitaneavam uma espécie de viagem no tempo. Sua busca era pelo mais primitivo leito do rio, enterrado por milhões de anos de deposição de sedimentos. Mais tarde, a equipe anunciou a descoberta em uma revista especializada: de acordo com as análises dos estratos, o rio mais caudaloso do planeta nasceu há 12 milhões de anos.
Foi esse o tempo necessário para que o Amazonas projetasse em suas margens uma gigantesca floresta tropical. Sua água segue até o Atlântico e, por evaporação, volta a despencar sob a forma de chuvas torrenciais na selva. Um ciclo generoso, expresso em proporções colossais: trajeto de 6 675 quilômetros a partir dos Andes e vazão média diária de mais de 17 trilhões de litros - 15% de toda a água enviada ao mar pelos rios do planeta. É uma espécie de encanamento invisível na atmosfera, que, de forma espantosa, é o mesmo desde os primórdios.
A generosa bacia Amazônica é o exemplo mais contundente de uma nação pródiga em rios, lagos e aquíferos que, juntos, concentram mais de 11% de toda a água doce disponível da Terra. Não há fartura semelhante em outros cantos do globo. Considerando toda essa abundância, cada brasileiro teria à disposição, na teoria, 34 milhões de litros por ano. É uma quantidade fabulosa, 17 vezes maior do que a ONU considera uma média confortável de consumo.
Nas próximas décadas, nas quais o recurso tende a tornar-se escasso em todo o mundo, as questões mais importantes irão orbitar em torno do uso inteligente dessa água. "Mesmo a nossa fartura é aparente, já que os maiores rios estão distantes milhares de quilômetros dos principais aglomerados urbanos", analisa Wanderley da Silva Paganini, superintendente de gestão ambiental da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). "É preciso entender que se trata de um bem finito. Daí a importância de utilizar o mínimo necessário e não poluir as fontes naturais", completa ele.
Brasil, o país irrigado
Doze mil rios escorrem pelo território brasileiro - mais de 70% deles na bacia Amazônica -, formando 12 bacias hidrográficas (a extensão de terras drenadas por um rio e seus afluentes). No subsolo, dois aquíferos - Guarani e Alter do Chão - guardam quase 120 mil quilômetros cúbicos de água. Esse conjunto sustenta boa parte do consumo per capita dos brasileiros, que nas últimas duas décadas mais que dobrou.
• 68% da matriz energética brasileira vem da água dos rios que são barrados em usinas hidrelétricas.
• 16% de toda a água enviada ao mar pelos rios do planeta sai da bacia Amazônica.
• 11% de toda a água doce da Terra está no Brasil.
• 6 milhões de quilômetros quadrados (quase o tamanho da Austrália) é a área da bacia Amazônica, que cobre sete países.
• 10% da população brasileira, ou 19 milhões de pessoas, não tem acesso à água tratada.
• 35 milhões de brasileiros vivem sem coleta de esgoto
• 90% do território brasileiro recebe m média entre mil e 3 mil milímetros de chuvas por ano.
• 34 milhões de litros de água cada brasileiro teria, por ano, à sua disposição, considerando-se toda a reserva de rios, lagos e aquíferos do país.
• 132 litros de água é o volume médio consumido pelo brasileiro por dia.
Fonte:NATIONAL GEOGRAPHIC BRASIL  (adaptado)

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